Relacionamentos líquidos
Estamos mesmo desaprendendo a nos vincular?
Paula Stella
Vivemos uma era em que tudo é rápido: a notícia, a resposta, o consumo — e os relacionamentos também. Criamos laços que se desfazem com a mesma facilidade com que foram formados. Um deslize, um incômodo, um "não gostei" e pronto: seguimos em frente. Mas será que estamos mesmo prontos para seguir? Ou estamos apenas evitando sentir?
Conexões descartáveis
É comum ouvir frases como:
"Se não tá bom, parte pra outra."
"Ninguém é obrigado a nada."
"Se incomodou, bloqueia."
E de fato, não somos obrigados. Mas até que ponto essa lógica da praticidade está nos tornando emocionalmente mais frágeis? Estamos tão preocupados em não sofrer que talvez tenhamos parado de nos permitir vincular.
Vínculo exige tempo. Implica frustração, espera, incômodo. Exige olhar para o outro e para si com paciência. Mas vivemos pulando de história em história, sem tempo nem disposição para construir algo que resista ao desconforto.
O medo da profundidade
Relações profundas mexem com a gente. Elas revelam partes que às vezes nem queremos ver. Exigem entrega, vulnerabilidade, escuta. E tudo isso dá trabalho.
É mais fácil manter conversas leves, ficar no meme, no emoji, no elogio rápido. Manter a aparência de conexão sem correr o risco de se machucar. Mas também sem chance real de se encontrar.
Trocas que não se sustentam
Não é só sobre relacionamentos amorosos. Isso vale para amizades, parcerias, convivência. Estamos trocando muito, mas nos envolvendo pouco. E no fim do dia, essa abundância de contatos pode deixar um vazio ainda maior.
Porque quantidade não significa qualidade. Ter mil seguidores, dezenas de contatos, grupos de conversa, não significa estar emocionalmente conectado com alguém.
E agora?
Isso não é um convite ao apego cego, nem à romantização do sofrimento. Mas talvez seja a hora de repensar: o que estamos buscando nas nossas relações?
Você está realmente se permitindo se vincular? Ou está apenas evitando se frustrar?
Construir vínculo dá trabalho. Mas também é isso que sustenta a vida real. Não a vida de story, mas aquela onde a gente sente, cresce, aprende e se transforma.
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"O processo terapêutico ilumina o caminho para o autoconhecimento e a transformação pessoal."
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